Utilizar um ChromeBook e depender integralmente da internet para trabalhar é
uma mudança bem radical para muitos. Eu não consigo trabalhar muito bem quando
estou sem internet.
A necessidade do ChromeBook de estar sempre conectado a internet é a mesma que
a minha - ao menos para trabalhar - então, não consegui ver isso como um
problema na proposta da máquina.
No meu dia a dia, utilizo basicamente a dupla Sublime Text
e Zend Studio, o primeiro utilizo para projetos
em Javascript e o segundo claro, para os escritos em PHP - que somente virou uma opção
porque que ganhei a licença de desenvolvedor quando me certifiquei no ano passado.
Ambientes de Desenvolvimento
Para me acostumar com o a proposta do ChromeBook, passei a utilizar no meu
dia-a-dia - inclusive no desktop - alguns ambientes na web
Cloud9
O Cloud9 foi a IDE que mais me surpreendeu e logo se tornou
meu ambiente de trabalho padrão.
O serviço oferece mais que um simples editor, junto te dá uma VM com Ubuntu
para que você possa instalar os pacotes adicionais necessários e um endereço
público (que você pode deixar como privado) para que você possa testar.
Achei interessante também - apesar de não ter testado - a possibilidade de
compartilhar o ambiente de desenvolvimento com outras pessoas, com permissão de
escrita ou apenas leitura.
A área de trabalho permite a integração com o Bitbucket
e Github, e todos os projetos são listados em uma barra
lateral, permitindo a clonagem e a criação do ambiente de desenvolvimento com
poucos cliques.
Koding
O Koding é uma IDE que promete, andou por algumas mudanças nos últimos
tempos, mas nada que comprometa a qualidade.
Uma coisa que me desagradou logo de início foi a impossibilidade de minimizar ou mesmo
fechar barra lateral, que exibe alguns canais por tags, o módulo de mensagens e a lista
de VMs. Acompanhada por uma segunda barra com a estrutura de pastas, ocupando um
espaço considerável da tela do ChromeBook.
Ele também tem um comportamento chato de sempre exibir a janela de texto/console
e etc abaixo da tela de editor, dividindo ainda mais o pouco espaço disponível
para trabalhar. É simples de mesclar tudo e deixar “normal”, mas fazer isso
sempre que iniciar o ambiente é um tanto quanto chato.
Assim como o Cloud9, o Koding também nos dá uma VM para que
possamos configurar o ambiente do projeto e acessá-lo de fora através de um
endereço público.
Ele tenta ser uma espécie de rede social, com alguns canais de discussão e a
Koding University, um canal com um ótimo conteúdo na área
de desenvolvimento.
Codenvy
O Codenvy eu não consegui testar muito bem pela dificuldade
inicial com a interface e no boot da VM logo após o cadastro.
A IDE é simples e sem muitos recursos, assim como a possibilidade de configurações
individuais para cada projeto, incluindo a instalação de novos pacotes na VM.
Nitrous.io
Nitrous foi mais uma alternativa que não consegui testar muito
bem. As boxes que tentei utilizar, nunca mais startaram depois que desligadas -
o que acontece muito se vocÊ ficar por um tempo sem utilizar.
Eles também oferecem uma versão para ser instalada no Desktop e integrada ao ambiente
Cloud.
Uma coisa bacana que utilizei, foi o gerenciador de pacotes direto na IDE, já que o
acesso ao terminal é limitado ao seu usuário, sem sudo ou acesso root como nas anteriores.
Na lateral também vem com um chat, para conversas entre todos que forem convidados a participar
do projeto, achei isso algo bem bacana.
Runnable
Runnable é bem simples e quebra um galho para pequenos experimentos.
Ele não chega a ser uma IDE, é apenas um editor de textos mas que também te dá um acesso ao
terminal - logado direto como root - para que você instale os pacotes que achar necessário
para configurar o ambiente da sua aplicação.
Também é possível acessar sua aplicação por um endereço público para que você possa testar.
Chrome Dev Editor
Chrome Dev Editor
é a opção do Google para quem deseja desenvolver aplicações ou extensões para (é claro) o Chrome.
Não utilizei muito porque minha idéia era de utilizar uma plataforma totalmente baseada na nuvem, mas
também achei legal a opção de ter um editor local instalado no ChromeBook.
SSH
Secure Shell,
esse foi o único que testei, até por ser uma recomendação do próprio Google, e me atendeu muito bem.
Inclusive com a possibilidade de importar minhas chaves.
O ChromeBook também possui um terminal (bem limitado diga-se de passagem) com um cliente SSH, mas não consegui
testar.
Conclusões
O ChromeBook é uma máquina legal? É. Principalmente para quem desejar utilizar no dia-a-dia
para o básico (e-mail, redes sociais, streaming e etc) ou levar para apresentações, ocupando pouco
espaço na mochila e peso imperceptível.
Mas dependendo das ferramentas que você necessita para desenvolver um bom trabalho, talvez não seja
uma máquina ideal pra você.
Serve como máquina principal para desenvolvimento? Minha conslusão é: talvez.
Se você tiver uma equipe e quiser manter um ambiente único de desenvolvimento, fugindo de VMs locais,
scripts de configuração e etc. Acho uma alternativa bem viável.
Até mesmo para quem trabalha sozinho, a possibilidade de ter um ambiente de desenvolvimento, configurado
por você e acessível de qualquer local é realmente legal. E pra mim, ficar sincronizando ambientes (desktop
e notebook) é realmente um saco, assim como ficar subindo VM localmente.
Achei pouco pra falar de mal do ChromeBook, é uma máquina bem bacana e cumpre o seu papel. Em casa, utilizo
um MacMini para trabalhar, e durante a semana que utilizei para testar o ChromeBook, utilizei em ambos as
mesmas ferramentas para fazer meu trabalho e medir a produtividade, que foi bem positiva.
Mas ainda sim, encontrei dois pequenos problemas em todas as IDEs testadas:
- Debugar ainda é uma tarefa um tanto quanto complicada. A grande maioria dos debugadores são para Javascript.
- Os auto-completes são muito limitados e não fazem uma varredura completa do código para ajudar, como nas IDEs
locais.
Em pouco mais de uma semana após a aquisição, utilizei praticamente todos os dias o ChromeBook para trabalhar,
mesmo em casa, e fiquei bastante animado. Como ele possui uma saída HDMI, fica fácil plugar um monitor externo
e extender a área de trabalho.
Para quem já tem tudo “na nuvem”, porque não seu ambiente de desenvolvimento também? Fica aí a dica ;)